sábado, 14 de junho de 2008

1968- Excitante e memorável




“Uma geração não é feita de idades, e sim de afinidades” Assim Zuenir Ventura define a conexão estabelecida pelos jovens de todos os continentes na década também chamada de marco zero.


1968, um tempo inacabado, e presente em nossas vidas. E tudo acontece como previu o filosofo francês Edgard Morin: “Vão ser preciso anos e anos para se entender o que se passou”, e 40 anos depois, estamos aqui, revivendo e decifrando esse mágico ano.


Zuenir Ventura inicia sua obra narrando como o ano começou: com um grandioso reveillon, regado a scotch na casa de Hellô Buarque de Hollanda. Festa em que todos os grandes nomes brasileiros daquela época se encontravam, mas nem de longe poderiam imaginar o que o ano de 68 reservava para suas vidas. Segundo o jornalista Elio Gaspari “depois do reveillon da Hellô Buarque de Hollanda, o Rio nunca mais foi o mesmo”. Nem o mundo!


A magia da revolução havia tomado conta do mundo. Experiências políticas, culturais e comportamentais causariam sub-guerras. Na África, leis foram sancionadas, e resultaram na Apartheid, na Checoslováquia, a liberação do regime comunista. Na Europa, Maio de 68 estava sendo minuciosamente arquitetado para se tornar um marco histórico na memória do mundo pelos jovens franceses que tomaram Paris. A banda britânica The Beatles , lançava seu Álbum Branco, revolucionando a música com batidas psicodélicas, algo inédito naquele tempo.


Nos Estados Unidos, o assassinato de dois mestres na arte da política: Robert Kennedy e o mito negro Martin Luther King. A sua morte precoce desencadeou uma série de manifestos e movimentos pelo poder negro (Black Power/ Black Panthers), que se impuseram como parte ativa da população. Mulheres também foram às ruas queimar sutiãs reivindicando direitos iguais... Esses fatos são pequenas degustações de muitos dos acontecimentos de âmbito mundial que ocorreram no globo terrestre no ano de 68. Época que revolucionou o mundo.


O Brasil também teve sua fatia no quesito revolução. Iniciado no peculiar reveillon da Hellô Buarque de Hollanda, Zuenir Ventura transcreve em seu livro com maestria fatos e depoimentos de personalidades da época.


O grande start foi o assassinato do estudante Edson Luis, que mobilizou não só estudantes, mas famílias em geral, e que produziu uma comoção de âmbito nacional que acarretou na Marcha dos 100 mil. Temos também a sexta-feira sangrenta, uma batalha travada contra o regime militar, mas que, curiosamente, foi iniciada em uma quarta-feira. Caetano, Tom, Chico, Gil, Vandré e muitos outros nomes cultuados hoje, começavam a escrever sua história ali. Confrontos culturais e ideológicos também tiveram vez naquela época. Assim como a explanação das drogas e o homossexualismo.


O livro de Zuenir Ventura, apesar de ter tudo para ser só mais um livro maçante sobre história, consegue nos fazer ir além da vigésima página e mostra com graciosidade e irreverência, pontos altos daquele ano. Somos arrebatados e induzidos a viver 68 com a excitação e nostalgia presentes naquela época.

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